Quem nunca disse “amanhã eu faço”? Quem nunca caiu na armadilha sutil da procrastinação, achando que o tempo é elástico, que o “depois” vai resolver, que a vida espera? Pois é. Eu também já disse. E ainda digo, às vezes. Mas a diferença está em como a gente lida com isso.
Não vim aqui te apontar o dedo. Vim te convidar a refletir comigo.
A procrastinação, essa palavra quase pomposa, nada mais é do que o acúmulo silencioso das nossas pausas mal justificadas. Cada coisa que a gente adia vai se somando, virando desordem não só na agenda, mas dentro da gente. E quando o caos se instala, a alma grita. A gente perde o norte, a energia baixa, o merecimento some de vista.
O que tem a ver merecimento com deixar para depois? Tudo. Quando você acredita que merece viver coisas grandes, você se move. Mas se, no fundo, não se sente merecedor de realizações, de troféus da vida, vai adiando tudo sonhos, projetos, amores, saúde, descanso. A vida vira uma espera morna, sem sal, sem impulso. E como eu sempre digo: vida não é linha reta. Vida é curva, é subida, é descida, é montanha-russa.
O caos não é o vilão. Às vezes, ele é a única forma da vida nos sacudir para o movimento. Mas você não precisa esperar tudo virar bagunça pra se mexer.
E como sair disso? Primeiro, reconhecendo: eu estou deixando para depois. Depois, se perguntando: o que eu realmente quero? E, por fim, agindo. Planejando. Simples assim. Uma folha de papel. Um bloco de notas. Uma agenda. Um quadro. Algo que tire sua ideia da cabeça e coloque no mundo.
Deixar tudo guardado só na mente é como sonhar acordado sem levantar da cama. Sonho sem ação vira frustração. Eu já me perdi nisso. E talvez você também.
Na época que fui apresentador de TV, emrpesário de restaurante, editor de jornal e com escritório de assessoria de imprensa e produção de vídeo… eu respirava prazos e entregas, mas deixava coisas minhas para depois, como a arte de atuar, que me pedia espaço e eu não dava. Por excesso. Por agenda cheia. Por não abrir uma lacuna. E o que não tem espaço, não floresce.
Quantas coisas você diz que quer, mas não cria tempo para viver?
Relacionamento, por exemplo. Muita gente diz: “ah, eu quero alguém”. Mas vive tão atolado de tarefas que não abre nem um intervalo emocional para se conectar com outro ser humano. E aí reclama da solidão. Mas é preciso abrir o campo, deixar o universo entrar.
Faça o que dá, com o que você tem.
No meu canal, os vídeos mais vistos nasceram de celulares simples, com parede descascada ao fundo, com filtro para disfarçar. E viralizou. Porque tinha verdade. Tinha entrega. Então, pare de esperar o cenário perfeito. Use o cenário que tem. O importante é começar.
E sobre gratidão? Tudo a ver. Como eu compartilho no livro A Magia da Gratidão, quando a gente agradece, a gente se reconcilia com o presente. E isso nos tira da prisão do “depois”. A prática diária da gratidão te devolve o agora. Te traz lucidez. Te mostra que você já tem o que precisa para começar.
Lá no livro, inclusive, eu ensino práticas simples, mapas de tempo, transmutação de crenças — ferramentas para sair da inércia e criar movimento. Porque a vida só se transforma quando a gente decide participar ativamente dela.
Então, o que é que você está deixando para amanhã?
Se é importante, marca. Agenda. Escreve. Dá nome. Dá forma. Porque o “amanhã” sem planejamento vira desculpa. E desculpa demais vira vida estagnada.
Comece do seu jeito. No seu ritmo. Mas comece.
A arte de deixar tudo para depois precisa ser substituída pela coragem de viver o agora.