Chegou junho! E com ele, não é só o frio que se aproxima… O que chega mesmo é o calor humano, o compasso da sanfona e o cheiro de milho cozido no ar. No Nordeste, São João não é só uma data no calendário é um estilo de vida. Uma verdadeira temporada de reencontros, de raízes culturais afloradas, de fé, forró e fogueira. E se você ainda não viveu um São João em terras nordestinas, tá perdendo uma das experiências mais intensas e encantadoras do Brasil.

Antes de tudo: se programe!
Se tem uma dica de ouro que precisa ser dita logo de cara: programe-se com antecedência! Durante os festejos juninos, a rede hoteleira nas cidades mais tradicionais fica simplesmente lotada. Estamos falando de milhões de visitantes circulando entre Campina Grande, Caruaru, Aracaju e Mossoró. Mas calma, tem solução: plataformas de aluguel por temporada como Airbnb e similares têm sido a salvação de muita gente desde turistas curiosos até forrozeiros profissionais.
E não pense que vai encontrar só um lugar pra dormir. Muitas dessas casas são decoradas no clima junino, com bandeirolas, cores vibrantes e aquele clima de interior que abraça a gente logo na chegada.

Campina Grande (PB) – Já é considerado o Maior São João do Mundo
30 dias de festa, milhões de visitantes, 42 mil metros quadrados de estrutura. É assim que Campina Grande, na Paraíba, faz jus ao título de “O Maior São João do Mundo”. O epicentro é o Parque do Povo, transformado em uma verdadeira vila cenográfica, com cidade cenográfica, coreto, réplica da Catedral, barracas de comidas típicas e, claro, muito forró pé de serra tocando noite adentro.
Além dos grandes nomes da música nordestina, o evento mantém viva a cultura com apresentações de quadrilhas juninas, grupos folclóricos e até casamentos comunitários em estilo matuto.
Site oficial: saojoaodecampina.com.br
Caruaru (PE) – Capital do Forró e da Cultura Popular
Se Campina é a maior, Caruaru é a guardiã da essência. No Agreste pernambucano, a cidade inteira vira palco. O Pátio do Forró recebe artistas de peso, mas o brilho mesmo tá nos detalhes: as feiras de artesanato, as barracas de pamonha com queijo coalho, os desfiles de bacamarteiros, e até concursos gastronômicos com pratos típicos como canjica, mungunzá, bolo de milho e pé-de-moleque.
Em alguns bairros, moradores enfeitam suas ruas com bandeirinhas feitas à mão e acendem fogueiras ao redor das quais as famílias se reúnem pra cantar, rezar e festejar. Um espetáculo!
Site oficial: conheca.caruaru.pe.gov.br/sao-joao
Aracaju (SE) – Forró, praia e calor humano
Agora imagine dançar forró à beira-mar, sentindo a brisa do litoral e o cheiro da fogueira no ar. Assim é o Forró Caju, festa tradicional de Aracaju que toma conta da cidade entre os meses de junho e julho. A Orla de Atalaia ganha estrutura completa com palcos, barracas típicas e área para apresentação de quadrilhas. O cuidado com o acolhimento ao turista é visível: tudo bem sinalizado, seguro e com aquele jeitinho sergipano de receber bem.
Por lá também é comum encontrar concursos de fogos de artifício em locais reservados — verdadeiros espetáculos pirotécnicos para iluminar as noites juninas.
https://www.aracaju.se.gov.br/noticias/110615/confira_a_programacao_completa_do_forro_caju_2025.html

Mossoró (RN) – O São João que virou teatro
No Rio Grande do Norte, Mossoró é referência quando se fala em inovação cultural nos festejos juninos. O evento Mossoró Cidade Junina vai além da música: tem teatro ao ar livre, como o consagrado “Chuva de Bala no País de Mossoró”, que narra a resistência local ao bando de Lampião. O palco? A própria fachada dos prédios históricos da cidade.

E não para por aí: a cidade é famosa pelas ruas cenográficas, quadrilhas estilizadas e pelos espaços dedicados exclusivamente à gastronomia regional, onde você pode provar pratos típicos e votar no seu preferido. Sim, tem disputa de melhor prato junino com premiação e tudo!
? Site oficial: https://mossorocidadejunina.com.br/
São Luís (MA) – Mistura de ritmos e rituais
São Luís do Maranhão guarda um São João único, onde o Bumba Meu Boi se mistura às tradições juninas em um espetáculo de cores, fé e ancestralidade. Os arraiais da cidade fervem com toadas, tambor de crioula e comidas típicas que fogem do óbvio, como arroz de cuxá, torta de camarão e juçara com farinha.
A cidade toda se transforma, principalmente os bairros do Centro Histórico e a Lagoa da Jansen, onde acontecem grandes apresentações folclóricas que encantam locais e turistas.
? Site oficial: saojoao.saoluis.ma.gov.br
Dicas quentes pra aproveitar ao máximo:
Reserve com antecedência. Hotéis e pousadas esgotam rápido, principalmente nos finais de semana de junho.
Leve roupas leves, mas prepare-se para o friozinho noturno. Muitas festas são ao ar livre.
Fique atento aos bairros com festas comunitárias. São mais autênticas, cheias de vida e emoção.
Curta os mercados e feiras locais. É lá que você encontra o melhor licor caseiro, o milho recém-cozido e as melhores histórias pra contar.
Mais do que festa: um manifesto de identidade
São João no Nordeste não é só diversão. É um grito de pertencimento. É quando a cultura popular se apresenta de corpo inteiro, sem maquiagem. É o tempo em que o sertanejo vira mestre de cerimônia, a sanfona se transforma em altar e o forró, ah, o forró embala amores, encontros e memórias que atravessam gerações.

Viver um São João no Nordeste é experimentar o Brasil em sua forma mais afetiva, mais vibrante, mais verdadeira. E se você for, vai voltar diferente. Porque o que se vive por lá, se leva no peito pra sempre.